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Uma entidade de juízes
federais pediu ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que denuncie o
senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE) por ter avançado com uma retroescavadeira
contra policiais amotinados em um quartel em Sobral (a 270 km de Fortaleza).
Em representação protocolada na PGR, a Unajuf (União Nacional
dos Juízes da União do Brasil) quer que o órgão apresente denúncia sob acusação
de tentativa de "homicídio qualificado com emprego de meio resultante em
perigo comum e de impossibilidade de defesa das vítimas".
A entidade, uma dissidência da Ajufe (Associação dos Juízes
Federais do Brasil), é presidida pelo juiz Eduardo Cubas, da Vara Federal de
Formosa (GO), que ficou conhecido por gravar um vídeo com o deputado Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP) em 2018 questionando a credibilidade da urna eletrônica.
O discurso da entidade se alinha ao que os filhos de
Bolsonaro têm dito, de que o senador licenciado pôs em risco a vida dos
amotinados.
Após avançar com a retroescavadeira na quarta (19) sobre os
policiais, Cid foi baleado com dois tiros, mas não corre risco de morte. Para a
Unajuf, "nada pararia o intento criminoso senão mesmo bala".
"Cid Gomes deve responder por seus atos como qualquer cidadão
que intenta, de forma violenta, contra a vida, sendo certo que elementos
psicológicos ou psiquiátricos serão melhor conhecidos ao longo de eventual ação
penal", diz a representação.
À reportagem o juiz Eduardo Cubas afirma que decidiu representar
contra o senador licenciado porque considerou a atitude "um exemplo
negativo para a sociedade".
"Se manifestando bem ou mal, ninguém pode pegar um trator e
jogar em cima das pessoas. Não é assim que as coisas se resolvem na democracia.
A nossa intenção [na representação] é pontuar a supremacia da lei", afirma
Cubas.
Por outro lado, para ele, a reação dos policiais foi "um
ato de legítima defesa, de bravura". "Imagina se não tivesse ninguém
armado, o problema que ia ser?", acrescentou.
Questionado sobre a possibilidade de os tiros pegarem em outras
pessoas, apontou que se enquadraria um "erro de tipo", dispositivo do
Código Penal que exclui o dolo.
A Unajuf, segundo ele, tem atualmente cerca de 200 integrantes e
é uma entidade "independente, sem nenhum viés ideológico. Nem de esquerda,
nem de direita".
Cubas afirma que a Unajuf atua, sobretudo, em
defesa do Estado democrático de Direito.
Em 2018, ele foi afastado de suas atividades pelo corregedor
nacional de Justiça Humberto Martins, que o acusou de atividade partidária que
poderia "trazer grande tumulto às eleições". Ele havia determinado ao
Exército recolhimento de urnas eletrônicas.
Em março do ano passado, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF,
determinou o retorno do magistrado às suas funções em Formosa.
Procurada, a assessoria de Cid Gomes afirma que "não
reconhece a representatividade da referida entidade e não responde a um
indivíduo já punido pelo Conselho Nacional da Justiça".
"Claramente, o simulacro de representação tem cores
político partidárias, conduta vedada aos membros da magistratura. O senador foi
vítima de tentativa de homicídio por bandidos encapuzados, armados e que
tomaram ilegalmente um batalhão de polícia."
Por: Redação/FolhaPressSNG)
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