O delegado Bernardo Guidali mencionou que Aécio
teria cometido crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Foto Divulgação |
Em relatório conclusivo, a Polícia
Federal afirmou que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu R$ 65 milhões em
propina das construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, entre 2008 e 2011,
"sendo parte relevante desta quantia fora do período eleitoral".
No documento, entregue ao relator da
Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, o
delegado Bernardo Guidali menciona crimes de corrupção passiva e de lavagem de
dinheiro.
A partir desse relatório sobre as
investigações, cabe à Procuradoria-Geral da República decidir se denuncia Aécio
ou se envia os autos à primeira instância, pois os fatos são anteriores ao
atual mandato do deputado. Também foi atribuído crime de lavagem de dinheiro ao
ex-diretor de Furnas Dimas Toledo e ao empresário Alexandre Accioly, apontados
como supostos intermediários da propina.
De acordo com a PF, os pagamentos
foram uma "contrapartida pela influência sobre o andamento dos negócios da
área de energia desenvolvidos em parceria pelas construtoras, notadamente sobre
a Cemig, companhia controlada pelo governo de Minas Gerais, e Furnas,
subsidiária da Eletrobrás". Entre esses negócios estão "os projetos
do Rio Madeira, como as Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em
Rondônia". Aécio foi governador de Minas de janeiro de 2003 a março de
2010.
Valores
A PF afirma que, da Odebrecht, Aécio
recebeu R$ 30 milhões, sendo R$ 28,2 milhões em espécie. Outra parte teria sido
paga por meio de contas de empresas offshores no exterior. Já a Andrade
Gutierrez, conforme o relatório, repassou ao tucano R$ 35 milhões, por meio de
investimentos em holding que tem Accioly como sócio-proprietário.
'Conclusões absurdas'
Defensor de Aécio Neves, o
criminalista Alberto Zacharias Toron afirmou que as conclusões do relatório da
PF são "absurdas". Segundo ele, a obra investigada "era de
responsabilidade do governo federal, ao qual o então governador fazia oposição,
e foi realizada em Rondônia, sem qualquer relação com o governo de Minas".
"As fantasiosas conclusões são baseadas em delações espúrias", disse
Toron.
A defesa de Alexandre Accioly disse
que "provará cabalmente ao Ministério Público e ao Poder Judiciário que
Accioly nunca incorreu em qualquer prática ilícita." A defesa de Dimas
Toledo não foi localizada. Odebrecht e Andrade Gutierrez, cujos executivos
fizeram delação, disseram colaborar com a investigação.
Redação:jornal O Estado de S. Paulo.
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