O objetivo é tentar ampliar a entrada do Brasil no
mercado de defesa americano, o maior do mundo.
Foto Divulgação (Reuters) |
O acordo bilateral é tratado como o principal resultado prático da viagem de Bolsonaro à Flórida esta semana e é um aprofundamento da designação do Brasil como aliado privilegiado fora da Otan (a aliança militar ocidental), status concedido ao país em março do ano passado, durante visita do presidente brasileiro a Washington.
O documento foi assinado por
Bolsonaro e o Comandante do Comando Sul dos EUA, Craig S. Faller.
Negociado pelo Departamento de Defesa
dos EUA e pelo Ministério da Defesa do Brasil, o tratado conhecido como
RDT&E (sigla inglesa para pesquisa, desenvolvimento, testes e avaliação) é
um caminho ao desenvolvimento de projetos conjuntos entre os dois países.
Bolsonaro participou da cerimônia
para a assinatura do acordo no Comando Sul, que supervisiona as Forças Armadas
dos EUA na América Latina e no Caribe. Ele foi o primeiro presidente brasileiro
a visitar a unidade militar.
Foi delegado ao ministro Fernando de
Azevedo e Silva (Defesa) a função de fazer uma fala pública sobre o acordo, ao
lado do comandante americano Craig Faller. "Esta tem sido uma viagem muito
proveitosa no aspecto de defesa para o Brasil e nossas Forças Armadas",
disse o ministro brasileiro.
O militar dos EUA, por sua vez,
classificou o acordo como histórico e disse que, durante a reunião, autoridades
dos dois países discutiram "ameaças mútuas que afetam a democracia e os
princípios que compartilhamos."
A crise da Venezuela foi citada por
Faller como um exemplo dessa "ameaça regional", mas ele não entrou em
detalhes sobre o que poderia ser feito em conjunto com o Brasil.
Integrantes da Casa Branca tinham a
expectativa de que o jantar entre Bolsonaro e o presidente Donald Trump, no
sábado (7), servisse para debater pressões sobre o governo de Nicolás Maduro.
Os americanos esperam aumentar a
compressão sobre o ditador venezuelano, porém, também não são claros sobre o
que fazer em parceria com o Planalto.
O RDT&E chancelado neste domingo
poderá ampliar o acesso da Base Industrial de Defesa ao mercado americano, bem
como a formalização de outros pactos no setor de defesa, reduzindo processos
burocráticos no comércio de produtos do segmento entre Brasil e EUA.
A lógica é simples: as parcerias
farão as empresas brasileiras candidatas naturais a entrar em cadeias de
produção global puxadas por americanos.
Celebrado pelo governo Bolsonaro, o
acordo começou a ser negociado em 2017, ainda durante a gestão de Michel Temer
(MDB) e ainda precisa do aval do Congresso dos dois países para ser efetivado.
A expectativa do Planalto é que esta
seja uma tramitação rápida, mas Bolsonaro segue em constante rota de colisão
com o Legislativo que, a partir de julho, diminuirá significativamente o ritmo
dos trabalhos devido às campanhas eleitorais municipais.
Uma vez valendo, o RDT&E
permitirá que os dois governos assinem acordos de projetos e que empresas de
ambos os países possam ser selecionadas e contratadas para tocar programas, que
sempre terão a gerência de autoridades brasileiras e americanas.
Em princípio, o financiamento dos
projetos é público – o que não impede, no entanto, a possibilidade de
investimentos de risco privados.
Os EUA concentram 39% do gasto
militar do mundo e investem na compra de equipamento, pesquisa e
desenvolvimento. O principal fundo americano da área de defesa somou US$ 96
bilhões (R$ 432 bilhões) no ano passado.
O Brasil, por sua vez, vive um
momento de expansão de gastos militares sob Bolsonaro, com aumento de sua fatia
de investimentos dos previstos para 2020, mas em proporção muito menor que os
americanos.
Por Redação/FolhaPress
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