SESA-Secretaria de Saúde do Ceará |
Após
oito dias de internação na UPA de Messejana em
estado grave com sintomas de Covid-19 e aguardando
por um leito em Unidade de Terapia
Intensiva (UTI), a idosa de 87 anos Gonçala Calixto
Morais foi dada como morta equivocadamente
pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) na última quinta-feira (26).
A família entrou na Justiça, na quarta-feira (25) para conseguir
vaga em hospital e foi surpreendida com a resposta da Sesa ao
declarar o óbito da paciente. O erro também foi declarado
à Justiça pelos familiares, por meio da Defensoria Pública do Ceará, que
acompanha o caso.
Neste domingo (29), a Sesa afirmou que a idosa está sendo
transferida para o hospital IJF 2. Ela ainda aguarda
resultado de exame para confirmar ou descartar Covid-19.
"O [hospital] Leonardo da Vinci negou vaga. Diz que só
recebe com paciente confirmado. A Central de Leitos está empenhada. O
grande problema é que ela não consegue realizar a tomografia. Então fica
nisso, ela nem faz o exame e nem é transferida para canto nenhum. Só vai um
profissional lá quando o respirador apita. Estamos perdendo a esperança. São
oito dias e nada aconteceu", relatou a neta Joélia Lima, antes
de a secretaria se manifestar sobre a transferência.
Em nota, a Sesa explicou que a paciente não foi transferida para
o Hospital Leonardo da Vinci, unidade reativada em Fortaleza
exclusivamente para o tratamento da Covid-19, porque o hospital
recebe apenas pacientes com confirmação da doença.
"Portanto, não é aconselhável a internação de pessoas que não tenham a
confirmação da doença, tendo em vista que existe o risco de contaminação",
acrescentou a Sesa.
A família da idosa alega que foi informada de que a
paciente precisava realizar uma tomografia antes de ser transferida,
mas o exame não havia sido feito até este domingo. Além disso,
segundo os familiares, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (amu) informou
não estar realizando transporte de pessoas com suspeita ou confirmação de caso
de Covid-19.
A reportagem do Diário do Nordeste questionou
a Sesa sobre as situações citadas acima, mas até a última atualização da
reportagem não obteve retorno.
DECLARADA DE ÓBITO
Gonçala Morais já estava há pelo menos cinco dias
internada na UPA com sintomas da doença quando a família
resolveu acionar a Justiça para conseguir um leito de UTI em Fortaleza,
obtendo decisão favorável pelo juiz da 5ª Vara da Fazenda
Pública.
Na quinta-feira (26), a Sesa respondeu à Justiça
afirmando que "foram tomadas todas as providências necessárias para o
cumprimento da decisão", mas que a paciente "veio à óbito no dia
26/03/2020 às 18h".
Neste sábado (28), uma prescrição médica foi assinada por um
profissional da UPA de Messejana atestando que a idosa permanecia
internada em "estado gravíssimo, aguardando leito de
UTI".
A família então recorreu à Defensoria Pública novamente, que
anexou aos autos do processo o erro da secretaria.
"Segue valendo a determinação judicial e a Sesa deve
acolher a paciente em leito compatível ao seu estado de saúde, como comprovado
nos autos e determinado pela justiça", confirmou a Defensoria
Pública.
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