Ex-ministro da Justiça chega hoje à capital para
acompanhar a exibição das imagens, na sede da Polícia Federal, da reunião na qual
o presidente Bolsonaro teria ameaçado demiti-lo. Três ministros militares
também terão de prestar contas
Foto Arquivo Web |
Em meio ao avanço do novo
coronavírus, que já matou mais de 11 mil pessoas no país, a política promete um
nível de tensão ainda maior, por causa da bateria de depoimentos, nesta semana,
para apurar se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia
Federal.
O destaque será a vinda do
ex-ministro da Justiça Sergio Moro a Brasília para acompanhar, amanhã de manhã,
na sede da Polícia Federal (PF), a exibição do vídeo da reunião ministerial em
que o presidente Jair Bolsonaro teria ameaçado demiti-lo, pressionando pela
saída de Maurício Valeixo da direção da PF.
A presença de Moro é
considerada fundamental para que ele dê um veredicto a respeito do vídeo: se é
autêntico ou se foi editado, com a supressão de partes importantes do encontro.
Continua depois da publicidade
A gravação foi entregue pelo governo à PF por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, que liberou para análise dos advogados do ex-ministro. Como ele estava na reunião, sua avaliação é crucial para conferir a autenticidade do material. A peça é considerada importante para ajudar na investigação sobre a tentativa de interferência do presidente na Polícia Federal, conforme denunciou Moro.
A conclusão do ex-juiz Moro sobre o vídeo servirá de base para saber se é preciso uma perícia técnica no material. Se ele assegurar que não houve edição, como as cobranças para que Valeixo fosse afastado, por exemplo, não será necessário periciar tecnicamente o material.
A tensão é grande dentro do governo, pois três dos quatro ministros palacianos estarão voltados para os depoimentos da tentativa de interferência na PF. Na lista dos que serão ouvidos amanhã, no Palácio do Planalto, está, inclusive, o coordenador da força-tarefa de combate ao novo coronavírus, o chefe da Casa Civil, ministro Walter Braga Netto. Ele será ouvido com os colegas da secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno. A convocação dos três elevou a tensão entre o Planalto e o STF.
Testemunhas
Esses ministros foram chamados
porque participaram da reunião de 22 de abril, na qual Bolsonaro teria ameaçado
Moro de demissão, caso não trocasse o diretor-geral da Polícia Federal. Além
disso, Moro disse em seu depoimento de oito horas à PF, em 2 de maio, que
os três ministros testemunharam várias conversas entre ele e o presidente.
Nesses encontros, também teriam havido cobranças para troca de comando na PF.
Na reunião de 22 de abril, o presidente da República teria insistido para ter acesso a relatórios de inteligência da PF, de acordo com Moro. Esses relatórios só chegam ao presidente da República via Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e quando a PF considera importante alertar o governo a respeito.
Segundo Moro relatou em seu depoimento, Bolsonaro disse, nessa reunião, que precisava de pessoas de sua confiança na PF para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência. A pressão para troca da PF do Rio de Janeiro também era intensa e Bolsonaro teria, inclusive, dito que seu ministro tinha 27 superintendências da PF e ele (Bolsonaro) queria apenas uma, a do Rio de Janeiro.
A série de oitivas começa hoje com o ex-diretor-geral da PF Maurício Valeixo. Ele deverá esclarecer aos investigadores se foi demitido ou se saiu “a pedido”, como publicado no ato de exoneração em que constou a assinatura de Moro e que o então ministro negou ter assinado.
Na reunião de 22 de abril, o presidente da República teria insistido para ter acesso a relatórios de inteligência da PF, de acordo com Moro. Esses relatórios só chegam ao presidente da República via Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e quando a PF considera importante alertar o governo a respeito.
Segundo Moro relatou em seu depoimento, Bolsonaro disse, nessa reunião, que precisava de pessoas de sua confiança na PF para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência. A pressão para troca da PF do Rio de Janeiro também era intensa e Bolsonaro teria, inclusive, dito que seu ministro tinha 27 superintendências da PF e ele (Bolsonaro) queria apenas uma, a do Rio de Janeiro.
A série de oitivas começa hoje com o ex-diretor-geral da PF Maurício Valeixo. Ele deverá esclarecer aos investigadores se foi demitido ou se saiu “a pedido”, como publicado no ato de exoneração em que constou a assinatura de Moro e que o então ministro negou ter assinado.
No mesmo dia, a PF ouvirá,
ainda, o ex-superintendente da PF do Rio de Janeiro Ricardo Saadi e o
diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, primeiro nome escolhido por Bolsonaro
para dirigir a Polícia Federal. A nomeação, entretanto, não ocorreu porque o
ministro Alexandre de Moraes, do STF, a suspendeu, com base num pedido do PDT,
lastreado nas denúncias de Moro.
Outros personagens a serem ouvidos esta semana são o ex-superintendente do Rio de Janeiro Carlos Henrique de Oliveira Souza e o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre da Silva Saraiva. Também está na lista a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). Ela atuou para tentar convencer Moro a aceitar a troca de comando na Polícia Federal, com a promessa de uma cadeira de ministro do Supremo, em novembro.
Outros personagens a serem ouvidos esta semana são o ex-superintendente do Rio de Janeiro Carlos Henrique de Oliveira Souza e o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre da Silva Saraiva. Também está na lista a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). Ela atuou para tentar convencer Moro a aceitar a troca de comando na Polícia Federal, com a promessa de uma cadeira de ministro do Supremo, em novembro.
Por: Redação/Correio Brasiliense
0 Comentários