Idealizado pela
Costa Rica e coordenado pela OMS, o C-TAP (união de acesso à tecnologia para a
Covid-19) vai trabalhar em rede para compartilhar informações
Foto Divulgação |
Trinta países, entre eles o Brasil,
anunciaram a criação de uma força-tarefa para fazer vacinas, testes,
tratamentos para combater o coronavírus, e produzi-los em escala suficiente
para atender a todos os países.
Idealizado pela Costa Rica e coordenado
pela OMS, o C-TAP (união de acesso à tecnologia para a Covid-19) vai trabalhar
em rede para compartilhar informações e dar acesso às tecnologias desenvolvidas
em cinco áreas:
1) divulgação pública de
sequenciamento genético,
2) transparência na publicação de
todos os resultados de ensaios clínicos,
3) licenciamento de potenciais
tratamento, diagnóstico, vacina ou outra tecnologia de saúde para o Pool de
Patentes de Medicamentos -um órgão de saúde pública apoiado pelas Nações Unidas,
4) promoção de modelos de inovação
aberta e transferência de tecnologia e
5) inclusão de cláusulas que prevejam
distribuição equitativa, acessibilidade e publicação de dados de ensaios nos
acordos de financiamento de laboratórios e startups.
Dos 30 que anunciaram adesão à
iniciativa, apenas quatro são países desenvolvidos, todos europeus: Luxemburgo,
Noruega, Portugal e Holanda.
A OMS afirmou que ainda não há
definição sobre qual será a atuação do Brasil no desenvolvimento e produção de
tratamentos e vacinas, o que será feito "nos próximos passos" do
projeto. A entidade não informou se há um calendário para os próximos passos.
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Segundo Akira Homma, assessor
científico sênior do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos,
da Fiocruz, o país teria condições de entrar em pelo menos três fases do
processo: no desenvolvimento de vacinas, nos testes clínicos de fase 3 (que
precisam ser feitos em um país onde a pandemia ainda esteja ativa) e na
fabricação dos produtos em grande escala.
Uma das vantagens competitivas do
país, segundo ele, é a unidade piloto de vacinas de Bio-Manguinhos, "com
todas as características de boas práticas de fabricação, que pode produzir para
estudos clínicos e fazer o escalonamento de produção".
Homma diz que pesquisas para o
desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19 feitas em diferentes centros
diferentes, como USP, Incor e Fiocruz de Belo Horizonte, trabalhando com
diversas alternativas tecnológicas, poderiam potencialmente participar do pool
global.Esses institutos têm parcerias com instituições estrangeiras e podem
buscar alianças para acelerar suas pesquisas, afirma o assessor científico.
As instalações de produção industrial
da própria Bio-Manguinhos e do Instituto Butantã podem ser importantes quando
uma vacina viável for descoberta. "Laboratório nenhum no mundo consegue
produzir a quantidade necessária em escala global", diz ele.
Além disso, o mais provável é que,
quando houver vacinas para serem testadas na população, o número de casos de
Covid-19 já esteja muito baixo em países desenvolvidos, e seja preciso fazer os
experimentos em outras regiões, como o Brasil.
No desenvolvimento de uma vacina, ela
é primeiro testada em células em laboratório, depois em animais, e então passa
a estudos clínicos com seres humanos.
Na fase 1 é testada a segurança, em
grupos de 40 ou 50 pessoas; na fase 2, calibram-se as dosagens corretas para
diferentes grupos e na fase 3 a vacina é aplicada em uma amostra da população
que esteja exposta à doença, para que seja avaliada sua eficácia. É nesse
momento que o Brasil pode ser um local propício para os experimentos.
Nesta pandemia, para acelerar as
pesquisas, as várias fases estão acontecendo em paralelo, em vez de
sequencialmente (o que poderia levar de 10 a 15 anos), e a OMS já deu OK para
testes ainda mais acelerados, chamados de challenge, em que o vírus é inoculado
em pacientes que tomaram a vacina, para verificar se ela protege contra a
infecção.
"Esse tipo de teste já foi feito
em humanos para doenças como cólera, febre tifóide e influenza, e permite
definir a eficácia num tempo curtíssimo", diz o cientista.
Até esta segunda, o C-TAP incluía
também Argentina, Bangladesh, Barbados, Belize, Chile, República Dominicana,
Equador, Egito, Indonésia, Líbano, Malásia, Maldivas, México, Moçambique , Omã,
Paquistão, Palau, Panamá, Peru, São Vicente e Granadinas, África do Sul, Sudão,
Timor-Leste e Uruguai.
Por: Redação/FolhaPress
Por: Redação/FolhaPress
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