São ônibus, vans
e caminhões que realizam o transporte interestadual sem autorização
Foto Divulgação |
Pequenos
municípios do Nordeste registram os primeiros casos de coronavírus com
migrantes que retornam à terra natal por causa das dificuldades da quarentena
nas capitais. Com as restrições do transporte interestadual, que chegou a ser
proibido em 14 estados, muitos migrantes optam por lotações e ônibus
clandestinos.
A Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT) já autuou 300 ônibus irregulares entre abril e maio. A
estimativa é de que tenham transportado cerca de 4500 pessoas. O itinerário
mais comum liga São Paulo às regiões Norte e Nordeste.
São ônibus, vans e caminhões que
realizam o transporte interestadual sem autorização. "Há um fluxo
significativo do Sudeste para as regiões Norte e Nordeste, sendo grande o
número de apreensões nas ações conjuntas da ANTT com as polícias nas barreiras
com as vigilâncias sanitárias do Maranhão, Piauí e Bahia", diz o órgão.
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Em São Paulo, muitos desses ônibus
saem do Brás, região central da cidade. Existem pelo menos seis agências na rua
Paulo Afonso vendendo bilhetes para os mais variados destinos do Nordeste. Por conta
da pandemia, todas funcionam discretamente, com apenas meia porta aberta. Os
funcionários evitam entrevistas, mas confirmam aumento de 20% a 30% na procura.
Os ônibus saem dali mesmo, das proximidades das agências. O embarque é feito
nas calçadas onde se amontoam malas, bolsas e mochilas.
No Brás, passageiros contam que os
motoristas exigem o uso de máscaras, mas que nem sempre elas estão usadas
corretamente. Nem eles usam a máscara. Os viajantes não sabem dizer se os
bancos foram higienizados corretamente. Alguns ônibus trazem um selo no vidro
dianteiro com a inscrição "veículo vistoriado covid-19".
Primeiros casos
O retorno dos "filhos da
terra" desafia os pequenos municípios no enfrentamento da pandemia. Na
Bahia, pelo menos 20 cidades do interior já registraram os primeiros casos da
doença após a chegada de pessoas dos grandes centros.
Outros estados também já sofrem com o
problema. A cearense Cruz, que fica a 260 km de Fortaleza e próxima de
Jericoacoara, registrou a chegada de cerca de 300 pessoas nos últimos meses.
Setenta e sete casos confirmados estão em quarentena. Foram registrados ainda
outros casos da doença no sertão paraibano. Um deles foi em Sousa, cidade com
60 mil habitantes, distante mais de 430 km de João Pessoa, e outro na vizinha
Igaracy, com população de pouco mais de seis mil pessoas. Em todas as cidades,
há relação a chegada de viajantes das grandes cidades.
Redação/ O Estado de S. Paulo.
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