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No
sábado, Gilmar afirmou que o Exército se associou a um "genocídio",
em referência à atuação de militares no Ministério da Saúde durante a pandemia
do novo coronavírus. O ministro interino da pasta, Eduardo Pazuello, é general
e militar da ativa.
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"Comentários dessa natureza,
completamente afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação
grave, além de infundada, irresponsável e sobretudo leviana. O ataque gratuito
a instituições de Estado não fortalece a democracia", diz a nota da Defesa
divulgada nesta segunda-feira.
No texto, Fernando Azevedo e os
comandantes das Três Forças destacam que genocídio é um "crime
gravíssimo" e que "naturalmente, é de pleno conhecimento de um
jurista" como Gilmar Mendes. "Na atual pandemia, as Forças Armadas,
incluindo a Marinha, o Exército e a Força Aérea, estão completamente empenhadas
justamente em preservar vidas. Informamos que o MD encaminhará representação ao
Procurador-Geral da República (PGR) para a adoção das medidas cabíveis."
Há 59 dias sem um titular na Saúde, o
País já acumula mais de 71,5 mil óbitos e 1,8 milhão de contaminados. Depois
das saídas dos médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, o general Eduardo
Pazuello - militar da ativa especializado em questões logísticas - assumiu interinamente
o ministério.
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Foi na gestão de Pazuello que o Ministério da Saúde mudou a orientação sobre o uso da cloroquina, passando a recomendar o medicamento desde o início dos sintomas do novo coronavírus. A droga, no entanto, não tem a eficácia comprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, ao menos 20 militares, sendo 14 da ativa, ocupam cargos estratégicos no Ministério da Saúde.
Foi na gestão de Pazuello que o Ministério da Saúde mudou a orientação sobre o uso da cloroquina, passando a recomendar o medicamento desde o início dos sintomas do novo coronavírus. A droga, no entanto, não tem a eficácia comprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, ao menos 20 militares, sendo 14 da ativa, ocupam cargos estratégicos no Ministério da Saúde.
Como mostrou o jornal O Estado de S.
Paulo, a declaração de Gilmar causou "indignação" em Azevedo. O ministro
da Defesa já trabalhou no STF como assessor especial do presidente da Corte,
Dias Toffoli.
A primeira reação a Gilmar veio no
próprio sábado, com a divulgação de uma nota em que o Ministério da Defesa
afirma que as Forças vêm "atuando sempre para o bem-estar de todos os
brasileiros" e elenca uma série de medidas que têm mobilizado militares,
como barreiras sanitárias e ações de descontaminação.
Gilmar não quis se manifestar no
domingo sobre a reação dos militares. Em sua conta pessoal no Twitter, o ministro
disse que não se furta a "criticar a opção de ocupar o Ministério da Saúde
predominantemente com militares". "A política pública de saúde deve
ser pensada e planejada por especialistas, dentro dos marcos constitucionais.
Que isso seja revisto, para o bem das FAs (Forças Armadas) e da saúde do
Brasil", escreveu.
O ministro também aproveitou as redes
sociais para elogiar a figura do Marechal Rondon (1865-1958), conhecido por ter
defendido a criação do Parque Nacional do Xingu. "No aniversário do
projeto que leva o nome de Rondon, grande brasileiro notabilizado pela defesa
dos povos indígenas, registro meu absoluto respeito e admiração pelas Forças
Armadas Brasileiras e a sua fidelidade aos princípios democráticos da Carta de
88", escreveu.
Gilmar tem pontes com as Forças
Armadas. Em junho, se encontrou com o general Edson Leal Pujol, comandante do
Exército, em plena crise entre o Planalto e o Judiciário.
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