Beneficiários do auxílio de R$ 600 têm reclamado das longas
filas de espera para conseguirem acessar suas contas virtuais por meio do
aplicativo
Foto Divulgação |
Criado
pela Caixa Econômica Federal para facilitar o acesso dos beneficiários de
programas sociais, o aplicativo "Caixa Tem" virou uma verdadeira dor
de cabeça para as pessoas que têm direito a receber o auxílio emergencial de R$ 600 pago pelo governo federal durante a pandemia.
Com as
limitações para saques dos recursos nas agências do banco que seguem um
cronograma pré-definido conforme a data de aniversário do beneficiário, o
aplicativo para celulares acaba sendo o principal meio para o pagamento de
contas e a transferência de recursos para as 65,2 milhões de pessoas que
recebem o auxílio. O problema é que o Caixa Tem não tem conseguido dar conta
dessa demanda.
Muitos
usuários têm reclamado das longas filas de espera — de mais de 10 minutos —
para conseguirem acessar suas contas virtuais por meio do Caixa Tem. Muitas
vezes, após esperarem o tempo estipulado pelo aplicativo, recebem apenas a
mensagem de que o sistema estaria indisponível.
Beneficiários, como Cícero
Martins Carvalho, 32 anos, que está desempregado, tenta pagar contas pelo
aplicativo sem sucesso.
Ele conta que não teve problemas nos dois primeiros pagamentos, mas
agora não consegue ter acesso ao dinheiro.
"Desde
quinta, apareceu tente novamente 14h, tente novamente 15h e agora só tente
novamente mais tarde", explica. Ele chegou a ir a uma agência da Caixa,
mas foi orientado a tentar novamente pelo aplicativo.
"Aqui
em casa são cinco pessoas e só eu estou recebendo o benefício. Estou
dependendo desse dinheiro para pagar a conta de água, de luz e outras contas. E
tem várias pessoas que conheço com o mesmo problema", completa.
Também
desempregada, Cristiane da Silva, 39 anos, vem enfrentando as mesmas dificuldades
para ter acesso ao benefício emergencial. Desde que
recebeu os R$ 600, ela só conseguiu pagar a conta da internet, de R$ 63.
"O aplicativo não funciona de jeito nenhum. Tenho que pagar três contas de
água que estão atrasadas e uma parcela de um cursinho para concurso público e
não consigo", relata.
De acordo
com dados da própria Caixa, R$ 121,1 bilhões foram creditados nas contas de
quem recebe o auxílio emergencial nas três parcelas já liberadas do benefício.
Até a manhã desta segunda-feira (6/7), o número de downloads do aplicativo do Caixa
Tem estava em 152,2 milhões. Além de acessar os recursos do auxílio, o
aplicativo serve para consultar informações importantes na atual crise,
referentes ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), Abono Salarial e
Seguro-Desemprego.
Questionado
pela reportagem, o banco admitiu a ocorrência de "intermitência
momentânea" em alguns serviços do Caixa Tem, e creditou o problema à
quantidade de acessos simultâneos no aplicativo, de cerca de 500 mil usuários
por hora. A Caixa garante, no entanto, que o aplicativo está disponível
ininterruptamente 24 horas por dia nos sete dias da semana.
O banco
alega ainda que, apesar dessas intermitências, os cidadãos têm conseguido
acessar os serviços. Somente nesta segunda-feira, mais de 4 milhões de operações
já tinham sido concluídas pelo aplicativo. Desde que o programa foi lançado,
mais de 17,7 bilhões de boletos foram pagos diretamente na plataforma.
Ainda
assim, a instituição não foi clara sobre o que pretende fazer para acabar com
as intermitências no acesso.
"A
Caixa tem implementado melhorias no aplicativo, como a ampliação da validade da
sessão de cada usuário durante 72 horas, o que evita a necessidade de nova fila
virtual para acessar o Caixa Tem durante esse período", alegou o banco, em
nota.
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