Decotelli foi nomeado pelo presidente Jair
Bolsonaro, mas não chegou a tomar posse
Foto Agência Brasil |
O Diário Oficial da União (DOU) publica hoje (1º) decreto tornando sem
efeito o decreto dia 25 de junho de 2020, publicado no mesmo dia, em edição
no Diário Oficial da União, nomeando Carlos Alberto Decotelli da
Silva para o cargo de ministro da Educação.
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Decotelli foi nomeado pelo presidente
Jair Bolsonaro, mas não chegou a tomar posse.
O Planalto não informou o substituto
de Decotelli e analisa vários nomes para um anúncio o mais rápido
possível. Até a noite de ontem, um dos mais cotados para assumir a pasta é o
atual reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Correa.
Ele presidiu em 2019 a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado
ao MEC, quando foram cortadas milhares de bolsas de mestrado e doutorado.
Tem apoio tanto da ala militar quanto dos evangélicos, já que segue a religião.
É formado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
e fez carreira no ITA.
Decotelli confirmou, em
entrevista à CNN, que a gota d'água para o pedido de demissão
foi a nota da FGV desmentindo que ele seria professor da instituição.
Segundo ele, a fundação mentiu.
Procurada, a FGV disse que reitera as informações dadas
anteriormente, de que ele "foi professor colaborador dos cursos de
formação executiva".
Na nota, a FGV informa
que Decotelli não foi pesquisador ou professor da
instituição. Bolsonaro se irritou ao saber de nova incoerência no
currículo do indicado, que já teve doutorado e pós-doutorado questionados por
universidades estrangeiras e é acusado de plágio no mestrado, o
que Decotelli nega.
O governo, então, passou a
pressioná-lo para que apresentasse a carta de demissão. Ele perdeu apoio do
grupo militar que o indicou ao governo. Segundo o texto da FGV, cursou
mestrado na instituição, concluído em 2008, "atuou apenas nos cursos de
educação continuada, nos programas de formação de executivos e não como
professor de qualquer uma das escolas da Fundação".
A
situação é comum na instituição em cursos latu sensu, como MBAs.
Professores são chamados como pessoa jurídica e atuam só em períodos
específicos e não integram o corpo docente permanente da instituição. "O
presidente disse que se até a FGV estava negando que fui professor
era inviável continuar", disse Decotelli à CNN.
Segundo
o Estadão apurou, a nota da FGV abalou o economista.
Para ele, houve uma "construção fake da FGV", já que ele atuava
na instituição de ensino, segundo ele, "há 40 anos".
Recado
Anteontem,
o presidente chamou Decotelli para uma conversa e publicou nas redes
sociais que o economista era vítima de críticas para desmoralizá-lo. Mas deu um
recado:
"O
Sr. Decotelli não pretende ser um problema para a sua pasta
(governo), bem como está ciente de seu equívoco." E não indicou que
haveria posse, inicialmente marcada para ontem. Decotelli saiu da
reunião dizendo que era o ministro.
Segundo
fontes, no entanto, o fato de Decotelli ser contestado agora por uma
instituição do Brasil foi o que mais pesou para o governo Bolsonaro.
Na
semana passada, ele foi questionado por Franco Bartolacci, reitor da
Universidade Nacional de Rosário (Argentina), que disse que ele não conclui o
doutorado. Em seguida, Decotelli retirou o título de doutor do
currículo na plataforma Lattes.
Anteontem,
a Universidade de Wuppertal (Alemanha) também afirmou que ele não fez
pós-doutorado na instituição. Decotelli novamente mudou o currículo,
tirando menção ao pós-doutorado.
Apesar
de a nomeação ter sido publicada no Diário Oficial da União no último dia
25, Decotelli ainda não tinha poder para despachar. Ele
já frequentava o MEC e preparava mudanças na pasta, mas,
oficialmente, os atos só teriam validade após a assinatura do termo de posse.
Após
turbulências e críticas de paralisia durante 14 meses da gestão de
Abraham Weintraub à frente do MEC, o nome
de Decotelli havia sido visto com mais aceitação por educadores,
secretários e parlamentares pelo fato de o economista não ser ligado à ala
considerada ideológica do governo, ligada a Olavo de Carvalho.
Por:
Redação/ O Estado de S. Paulo.
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