O Padre Robson de
Oliveira Pereira é investigado em crimes de organização criminosa, lavagem de
dinheiro, apropriação indébita, falsificação de documentos e sonegação fiscal
Foto Divulgação |
O Ministério Público de Goiás investiga
o envolvimento do Padre Robson de Oliveira Pereira em crimes de organização
criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsificação de
documentos e sonegação fiscal. A investigação levou ao afastamento do religioso
da presidência da Associação Pai Eternos e Perpétuo Socorro (Afipe), ligada à
Basílica do Divino Pai Eterno, na cidade goiana Trindade.
Popular entre seguidores da Igreja
Católica, o padre tem 3,9 milhões de seguidores somente no Facebook. O MP
investiga o desvio de pelo menos R$ 120 milhões de doações de fiéis que teriam
sido usados, segundo a denúncia, para aquisição de imóveis, entre os quais uma
fazenda de R$ 6 milhões na cidade goiana de Abadiânia, e de uma casa de praia,
no valor de R$ 3 milhões, em Guarajuba, na Bahia.
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O afastamento do padre Robson foi
comunicado, em nota, pela Arquidiocese de Goiânia. Na nota, assinada pelo
arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, a arquidiocese informa que a
associação irá contratar uma "empresa idônea de auditoria externa, no
sentido de ser realizada ampla e profunda apuração de documentos e dados
relativos à Afipe".
Segundo o advogado Pedro Paulo
Medeiros, que representa padre Robson, o afastamento se deu para que ele possa
se dedicar aos esclarecimentos ao MP, uma vez que trabalha em tempo integral na
Afipe e na Basílica de Trindade, da qual é reitor.
Em um vídeo, padre Robson diz que vai
continuar rezando as novenas e terças. Essas orações são transmitidas
diariamente pela TV Pai Eterno e acompanhadas por fiéis do
País inteiro.
A operação Vendilhões, deflagrada
pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP, investiga
a movimentação de cerca de R$ 120 milhões em aquisições de imóveis.
Acatando o pedido do MP, a juíza
Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e
Lavagem de Capitais, determinou a busca e apreensão em 16 endereços ligados ao
padre Robson, inclusive na TV Pai Eterno. Ele não atendeu ao pedido
de prisão do padre.
Na decisão, a juíza afirma que,
"além da suposta utilização das doações dos fiéis para a aquisição de
imóveis de elevado valor econômico, infere-se que investigados estariam
envolvidos em um articulado esquema criminoso voltado ao desvio de verbas das
Afipe e à consequente lavagem, dissimulação e ocultação dos recursos, por meio
de "laranjas" e empresas de 'fachada' - com vistas a dificultar o
rastreamento do dinheiro e posterior ressarcimento dos danos suportados pela
entidade religiosa".
Sobre a transação da fazenda, a
denúncia do MP aponta que a "Afipe adquiriu a Fazenda Serenata e
Monjolinho, em Abadiânia/GO, da Agropecuária Nova e Eterna Aliança Ltda., pelo
valor de R$6.308.000, em 17 de março de 2016, e que, mais de 3 anos depois, a
Afipe vendeu o imóvel rural para a empresa Terra Nobre, pelo mesmo valor, R$
6.308.000. Salientaram que a Terra Nobre foi criada em 11 de abril de 2018 e,
um ano depois, comprou da Afipe a Fazenda Serenata e Monjolinho, única
transação imobiliária entre as citadas empresas".
O advogado Pedro Paulo Medeiros
afirma que os imóveis citados na denúncia do MP fazem parte das aplicações da Afipe,
cujo lucros foram destinados à construção da nova Basílica, à compra da TV pai
Eterno e rádios e à construção de igrejas.
A investigação teve início em 2018,
quando padre Robson foi vítima de extorsão e teria pago R$ 2 milhões para não
ter vídeos expostos na internet. O advogado Pedro Paulo Medeiros admite o
pagamento da chantagem com recursos da Afipe, mas afirma que os pagamentos
foram feitos de forma simulada sobre a orientação da polícia que investigava o
caso.
Por: Inova News/Estadão
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