Bretas também bloqueou R$ 32,1 milhões do associado
de Zanin, Roberto Teixeira, e outros R$ 237 mil do escritório de advocacia dos
criminalistas
O juiz
federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro,
determinou o bloqueio de R$ 237,3 milhões do criminalista Cristiano Zanin
Martins, advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato.
A decisão foi tomada no dia 1º e tornada pública no
sábado, 19, quando o magistrado levantou o sigilo dos autos do documento.
Bretas também bloqueou R$ 32,1 milhões do associado
de Zanin, Roberto Teixeira, e outros R$ 237 mil do escritório de advocacia dos
criminalistas.
A ordem foi tomada no âmbito da Operação E$quema S,
que apura tráfico de influência e desvios milionários das seções fluminenses do
Serviço Social do Comércio (Sesc RJ), Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial (Senac RJ) e Federação do Comércio (Fecomércio RJ). Advogados
renomados no meio político são investigados no caso e tiveram endereços
profissionais e residenciais vasculhados no último dia 9.
Segundo Bretas, o escritório de Zanin e Teixeira
teria sido "o precursor no recebimento de honorários advocatícios exorbitantes
pagos pela Fecomércio/RJ em prol de interesses particulares de Orlando
Diniz", ex-presidente da federação e hoje delator.
"Prática que, em tese foi replicada pelos
demais escritórios ora investigadores, formando um verdadeiro grupo criminoso
voltado supostamente para o cometimento dos delitos de peculato, corrupção
ativa, tráfico de influência e exploração de prestígio, tudo sob o manto do
exercício da advocacia", afirmou Bretas.
O juiz da Lava Jato Rio disse que Zanin e Teixeira
participaram de uma reunião com Orlando Diniz no início de 2012, no Copacabana
Palace, no Rio, e que, segundo o delator, "ficou claro que tais advogados
iriam garantir" sua permanência à frente do Sesc Rio enquanto se burlava
fiscalizações de conselheiros fiscais e do Tribunal de Contas da União (TCU).
"Os advogados tinham ciência, a princípio, de
que estavam sendo pagos pela Fecomércio e, posteriormente, com verba pública
das entidades paraestatais para atuar em favor de Orlando Diniz", apontou
Bretas.
Nas redes sociais, Zanin afirmou que "é
fake" que foi apreendido R$ 237 milhões em suas contas. "Para além do
abuso de autoridade e do lawfare, trabalham com a mentira e a desinformação
mesmo contra alguém que sempre atuou na iniciativa privada", afirmou.
Em nota, o criminalista disse ao Estadão que a
"mirabolante decisão foi proferida em mais uma clara tentativa de macular
minha história de mais de 20 anos na advocacia privada em litígios
decisivos". Zanin também afirmou que o bloqueio é "uma clara
tentativa de me enfraquecer em processos decisivos que estão sob a minha
condução e que contestam a legalidade da própria Operação Lava Jato, em
especial, aquele que trata da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro".
O advogado de Lula declarou que os serviços de seu
escritório em relação à Fecomercio-RJ estão amplamente documentados,
registrados nos nossos sistemas internos e mostram mais de 12 mil horas de
trabalho prestadas por 77 profissionais da área jurídica, além do suporte
administrativo".
Recurso. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
entrou com uma representação no Supremo Tribunal Federal (STF) na última
quarta-feira, 16, na tentativa de anular as diligências determinadas por Bretas
na Operação E$quema S.
A entidade sustenta que as apurações envolvem
autoridades com prerrogativa de foro e, por isso, a competência para julgar e
processar o caso seria do Supremo Tribunal Federal. Além disso, acusa o
Ministério Público Federal no Rio de empreender um "malabarismo
jurídico" na tentativa de manter o caso correndo na primeira instância.
Por: Inova News/ Estadão
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