Ex-jogador tinha 60 anos e sofreu uma
parada cardíaca, segundo o jornal Clarín, dias depois da retirada de um coágulo
de sangue entre o cérebro e o crânio
Morreu nesta quarta-feira (25) Diego Armando
Maradona Franco. O maior ídolo do esporte argentino sofreu uma
parada cardíaca, e morreu nesta manhã, segundo o jornal Clarín.
Recentemente, ele passou por uma
cirurgia para a retirada de um coágulo de sangue entre o cérebro e o crânio,
ocasionado por pancadas. O ex-jogador da seleção argentina e atual técnico do
Gimnasia La Plata, que completou 60 anos no último dia 30 de outubro, foi
levado ao hospital, mas não resistiu.
O Ídolo e a História
A discussão sobre o melhor de todos os
tempos sempre haverá no futebol, como em qualquer esporte. Mas certamente
qualquer lista terá Maradona. Se pelos feitos em campo o debate será eterno, a
idolatria que Maradona alcançou, talvez, seja indiscutível.
Por sua personalidade, que lhe
atrapalhou em vários momentos ao longo dos 60 anos de vida, Don Diego despertou
paixão e admiração de fãs que poucos alcançaram.
Diego Maradona nasceu em 30 de outubro
de 1960. Quinto dos oito filhos do casal Don Diego e Dalma Salvadora Franco, a
Dona Tota, viveu a infância em Villa Fiorito, na periferia de Buenos Aires.
Don Diego pai, Diego filho e Dona Tota sua mãe |
Foi pelo
Argentinos Juniors que estreou profissionalmente, com apenas 15 anos, em 20 de
outubro de 1976, mas já era conhecido dos torcedores desde muito antes por ser
o menino de rara habilidade que brincava com a bola no intervalo dos jogos no
estádio que atualmente leva seu nome.
Maradona elevou o patamar do Argentinos Juniors e fez o pequeno time de Buenos Aires brigar com os grandes. Ainda que tenha sido cinco vezes artilheiro do Campeonato Argentino, não conseguiu levar a equipe ao então inédito título nacional.
No final de 1980,
ele já despertava interesse do futebol europeu, mas optou por transferir-se
para o Boca Juniors para realizar o sonho de jogar no clube do coração,
mostrando, aos 20 anos, a personalidade que lhe marcaria nas décadas seguintes.
No Boca, Maradona foi campeão nacional e acabou vendido ao Barcelona em 1982. Sua chegada à Espanha foi cercada de euforia, mas ele passou no país europeu um período difícil de sua vida.
Em dois
anos, não chegou a jogar uma temporada completa. Sofreu ao contrair hepatite e
também uma grave fratura na perna, causada por uma entrada violenta do defensor
do Athletic Bilbao Andoni Goikoetxea.
O período longe dos gramados levou
Maradona a profundas crises emocionais que o fizeram iniciar o uso de cocaína,
conforme revelado por ele no livro Yo Soy El Diego de La Gente,
publicado em 2000.
— Eu sempre soube tudo o que
aconteceria na minha vida. Sabia que jogaria na primeira divisão, que compraria
uma casa para os meus pais, jogaria na seleção argentina, que seria campeão
pela Argentina. Disse tudo isso quando era criança, está gravado.
O que não sabia era que usaria cocaína
— lamentou Maradona em documentário produzido pelo cineasta e músico sérvio
Emir Kusturica, lançado em 2008.
Maradona deixou Barcelona para jogar
no Napoli em 1984. Muita gente não entendeu como o então melhor jogador no
mundo foi para um clube que não era um dos grandes da Itália. O Napoli pagou 10
milhões de dólares para comprar seu passe, um valor recorde na época.
Antes de levar o Napoli à glória,
Maradona viveu seu maior momento na Copa de Mundo de 1986, no México, quando
conduziu a Argentina ao bicampeonato com uma atuação que até hoje é considerada
por muitos a maior da história dos mundiais.
Além da genialidade demonstrada no
"gol do século", contra a Inglaterra, nas quartas de final, ou do
passe certeiro para Jorge Burruchaga fazer o gol do título na final contra a
Alemanha, os números de Maradona naquela Copa foram assombrosos. Autor de cinco
gols e cinco assistências, ele teve participação direta em 10 dos 14 gols
marcados (71%) pela Argentina em território mexicano.
De volta à Itália, Maradona cumpriu a
missão de levar o Napoli ao título italiano na temporada 1986/87, quando também
conquistou a Copa Itália. O clube ainda foi campeão da Copa Uefa de 1989 antes
de voltar a levar o Scudetto em 1990,ano em que também ganhou a Supercopa da
Itália. Foram os anos de maior glória do Napoli, que desde então não voltou a
ser campeão nacional.
Em 1990, também na Itália, Maradona
chegou à segunda final de Copa do Mundo, mas acabou derrotado pela Alemanha na
decisão. Sua trajetória no país teve fim em 1991, quando ele foi flagrado pela
primeira vez no exame antidoping e suspenso pela Fifa.
Maradona chegou a fazer uma recuperação
inesperada para chegar em forma na Copa do Mundo de 1994, quando estreou
fazendo um golaço contra a Grécia e dando o passe para o amigo Caniggia
garantir a vitória diante da Nigéria na segunda rodada.
Após o jogo contra a seleção africana,
foi flagrado no antidoping e excluído do torneio pela Fifa outra vez. Diego
ainda retornou ao seu Boca Juniors em 1995, mas teve apenas lampejos de
genialidade, sem voltar a atuar em alto nível com regularidade até a
aposentadoria, em outubro de 1997.
O vício
O fim da carreira de jogador deixou
Maradona ainda mais exposto ao vício em cocaína.
Em janeiro de 2000, o ex-craque teve
uma overdose em Punta del Este, no Uruguai. Ele ficou internado em um quadro
crítico. Em 2004, Maradona, já longe da forma física dos tempos como atleta,
foi internado em Buenos Aires com complicações cardíacas.
Nos últimos tempos, Maradona encarou a
carreira de treinador com maior seriedade. Trabalhou no Al-Wasl, dos Emirados
Árabes Unidos, e no Dorados, do México, antes de retornar à Argentina para
treinar o Gimnasia de La Plata, clube que vinha comandando até voltar a ser
hospitalizado.
Nos últimos anos, Maradona garantia estar livre da cocaína, mas o abuso no uso de bebidas alcoólicas foi apontado como um fator que complicou sua saúde.
Por: Inova News
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