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Polícia Federal indicia Bolsonaro, Braga Netto e outros 35 por tentativa de golpe de Estado

A PGR deve analisar os elementos da investigação da PF e decidir se vai apresentar denúncia

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro Braga Netto| Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Nesta quinta-feira, 21 de novembro, a Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito que investigava uma tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022, apontando a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu ex-candidato a vice, o general Walter Braga Netto, e outras 35 pessoas.

As acusações incluem crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e formação de organização criminosa. A investigação gerou um relatório de mais de 800 páginas, já encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu sobre uma denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Detalhes da investigação

As apurações, que se estenderam por quase dois anos, utilizaram medidas como quebra de sigilos telefônicos, fiscais e bancários, buscas e apreensões, e colaboração premiada. Segundo a PF, o grupo especificação-se de maneira estruturada, dividindo-se em núcleos para desinformação, incitação militar, suporte jurídico, inteligência paralela e apoio operacional. Os encontros para ações planejadas ocorreram, inclusive, na casa de Braga Netto. Além disso, os investigados são suspeitos de planos atentados contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Envolvidos e penas

Além de Bolsonaro e Braga Netto, figuram na lista nomes como os generais Augusto Heleno (ex-ministro do GSI) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa), e Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL). Caso as acusações sejam aceitas pelo STF, as penas previstas incluem de 4 a 12 anos de prisão por Estado, de 4 a 8 anos por abolição violenta do Estado de Direito e de 3 a 8 anos por integrar organização criminosa.

Leia a íntegra da nota divulgada pela PF nesta quinta:

“A Polícia Federal encerrou nesta quinta-feira (21/11) investigação que apurou a existência de uma organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder.

O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal com o indiciamento de 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

As provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário.

As investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência dos seguintes grupos:

a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
c) Núcleo Jurídico;
d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
e) Núcleo de Inteligência Paralela;
f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas

Com a entrega do relatório, a Polícia Federal encerra as investigações referentes às tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”.

 

Pronunciamentos

Até o momento, os principais envolvidos não se manifestaram publicamente. Bolsonaro já enfrentou outras investigações, como o caso das joias sauditas e a suposta falsificação do cartão de vacinação. O ex-presidente tem reiterado que nunca tentou violar a democracia, mas questionamentos às urnas e ataques ao sistema eleitoral foram constantes em seu discurso durante a campanha e após a derrota para Lula.

O inquérito é mais um marco nos desdobramentos judiciais envolvendo os atos antidemocráticos de 2022 e 2023, incluindo a invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília por apoiadores do ex-presidente.

      Por: Inova News      

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