Em 2024, foram registrados 6.068 óbitos decorrentes da arbovirose, enquanto a covid-19 resultou em 5.959 mortes no mesmo período.
Presidente Lula e ministra da saúde Nísia TrindadeFoto: Ricardo Stuckert / PR
Em 2024, o Brasil enfrentou uma reviravolta preocupante no
cenário de saúde pública. Pela primeira vez desde o início da pandemia de
covid-19, a dengue superou o coronavírus em número de mortes. Segundo dados do
Ministério da Saúde, foram registrados 6.068 óbitos relacionados à arbovirose,
enquanto a covid-19 resultou em 5.959 mortes no mesmo período.
A dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, tem
sido um desafio recorrente no Brasil devido às condições climáticas tropicais e
à dificuldade em controlar os criadouros do vetor. Em 2024, o país enfrentou
surtos intensificados em diversas regiões, atribuídos a fatores como aumento
das chuvas, temperaturas elevadas e falhas nas políticas de prevenção.
Cenário alarmante
Especialistas apontam que o crescimento das mortes por dengue
reflete tanto o avanço da doença quanto a redução da preocupação com o controle
de criadouros nos últimos anos. A médica infectologista Carla Mendonça, da
Fiocruz, explica que “os esforços no combate à dengue foram, em parte,
ofuscados pela atenção dada à pandemia de covid-19, deixando lacunas na
vigilância e no controle do Aedes aegypti.”
Além disso, a circulação de múltiplos sorotipos do vírus da
dengue aumentou os casos graves. Pessoas previamente infectadas têm maior risco
de desenvolver formas severas da doença, como a dengue hemorrágica, que pode
levar à morte.
Covid-19 em declínio, mas ainda preocupante
Embora o número de óbitos por covid-19 tenha diminuído
significativamente em comparação aos anos anteriores, a doença ainda apresentou
impacto relevante, especialmente em populações vulneráveis, como idosos e
pessoas com comorbidades. A vacinação ampla contribuiu para a redução das
mortes, mas a adesão às doses de reforço caiu, preocupando as autoridades
sanitárias.
Medidas urgentes
Diante do aumento alarmante de mortes por dengue, o Ministério
da Saúde anunciou um plano emergencial de combate ao Aedes aegypti. As
medidas incluem campanhas de conscientização, mutirões de limpeza, pulverização
de inseticidas e investimento em pesquisas para vacinas mais eficazes contra a
dengue.
Enquanto isso, especialistas reforçam a importância da
participação da população na eliminação de criadouros, como pratos de plantas,
pneus abandonados e caixas d’água descobertas. “O combate à dengue é uma
responsabilidade coletiva. Cada pequeno foco eliminado pode salvar vidas”,
alerta o biólogo Sérgio Almeida, especialista em controle de vetores.
Desafios à frente
O ano de 2024 escancarou a necessidade de reforçar a
vigilância epidemiológica e ampliar o diálogo entre governo e sociedade para
enfrentar doenças tropicais. A preocupação com o impacto das mudanças
climáticas e a urbanização desordenada também foi intensificada, já que essas
questões ampliam a proliferação do mosquito transmissor.
A inversão no número de mortes por dengue e covid-19 é um
alerta para o Brasil. Embora a pandemia tenha diminuído sua força, a
necessidade de fortalecer o sistema de saúde e atuar preventivamente contra
outras ameaças permanece urgente.
Por: Inova News
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