Pedido de impeachment de Lula reúne 106 assinaturas e agita cenário político

O pedido de impeachment foi motivado por irregularidades apontadas pelo TCU no financiamento do programa Pé-de-Meia.

 

(Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

Na última segunda-feira (27.jan.2025), o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) anunciou que seu pedido de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingiu 106 assinaturas. O requerimento, apresentado ao Congresso Nacional, acusa o mandatário de cometer crime de responsabilidade fiscal.

A principal justificativa dos congressistas está no suposto uso irregular de recursos fora do Orçamento da União para financiar o programa social Pé-de-Meia, iniciativa do governo voltada à garantia de uma poupança mínima para famílias em situação de vulnerabilidade. Segundo os parlamentares, a ação configuraria uma "pedalada fiscal", prática que já levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016.

O que dizem os parlamentares

Em suas redes sociais, Nogueira classificou o ato como uma "violação grave da responsabilidade fiscal" e afirmou que o pedido de impeachment é uma "resposta institucional à quebra das regras de gestão pública". Ele destacou que as 106 assinaturas representam um "apoio substancial", mas ainda é preciso conquistar maior adesão no Congresso para que o processo avance.

A legislação é clara: usar recursos sem previsão orçamentária viola a Constituição. Não podemos permitir que práticas condenáveis do passado voltem a ocorrer", escreveu o deputado.

O caso divide opiniões dentro do Parlamento. Enquanto partidos da base aliada defendem que o programa Pé-de-Meia foi executado dentro da legalidade, a oposição busca ampliar o apoio para levar o tema à análise do presidente da Câmara dos Deputados, responsável por decidir se aceita ou não o pedido de impeachment.

A reação do governo

O Palácio do Planalto, em nota oficial, rejeitou as acusações, classificando-as como "infundadas e politicamente motivadas". Segundo o governo, o programa Pé-de-Meia foi elaborado com recursos previamente aprovados por meio de créditos suplementares, respeitando as normas orçamentárias vigentes.

A tentativa de equiparar o caso à situação de 2016 é um equívoco. Todas as movimentações foram devidamente autorizadas pelo Congresso Nacional, e não há qualquer irregularidade nas contas públicas", diz o comunicado.

Sobre o impeachment

Para que o pedido de impeachment avance, o presidente da Câmara dos Deputados precisa aceitá-lo e submetê-lo a uma comissão especial. Caso aprovado na comissão, o processo segue para o plenário da Câmara, onde é necessário o apoio de dois terços dos deputados (342 votos) para que o presidente seja afastado temporariamente e o caso seja encaminhado ao Senado Federal.

No entanto, analistas políticos apontam que, mesmo com as 106 assinaturas, o ambiente político atual dificulta a aprovação de um impeachment, dada a força da base governista e a falta de consenso entre partidos independentes.

Implicações políticas

O episódio reacende as tensões políticas e econômicas no país, trazendo à tona memórias da crise de 2016. Enquanto setores da sociedade civil pedem cautela e diálogo, manifestações pró e contra o governo começam a ganhar força nas ruas e nas redes sociais.

O desfecho deste capítulo dependerá não apenas da articulação política no Congresso, mas também da mobilização popular e do impacto das acusações na opinião pública.

      Por: Natan Tavares      

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